Coletânea NIC/Crossover!
O NIC está selecionando bandas para integrar uma coletânea, serão 8 bandas em CD com duas faixas para cada uma. O lançamento deve ser inda este ano.
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Palavras do Mano Léo!
Palavras do Mano Léo!
As gravadoras se desesperam contra o avanço da pirataria e dos downloads de mp3, práticas que substituíram a comum gravação de fitas cassete nas décadas de 70 e 80. Foi iniciada então uma caça as bruxas pelos malignos baixadores de mp3. O interesse faz mais sentido quando se pensa q a maior parte das grandes gravadoras acabou comprada e houve uma centralização de controle e interesses para um número muito menor de donos dos fonogramas e artistas. A porcentagem repassada aos artistas sempre foi mínima e a não ser nos casos de artistas do primeiro escalão com vendagem de milhões, poucos músicos viram dinheiro de verdade com venda de discos. Restando assim a realização de extensas turnês e em muitos casos, venda de merchandising. Ok, história velha, todo mundo sabe.
Mas existe outro fenômeno paralelo ao esfacelamento da vendagem de CDs, este sim muito mais assustador e potencialmente incontornável. A facilidade e comodidade dos tempos modernos tornaram o público mais preguiçoso. Se há 15 anos era necessário encontrar algum amigo ou loja disposta a gravar um LP em fita cassete, às vezes a caça a determinado material demorava meses, especialmente se não fosse algo com lançamento nacional, hoje em dia qualquer obra está ao alcance de um click. Isso tem um lado muito bom, pois muitos artistas ganharam exposição independente da grande mídia e, casos isolados, existem fenômenos da internet que aproveitaram a ferramenta para se divulgar e conseguiram romper a barreira de suas cidades e estados, fazendo shows pelo país todo. Mas como citei, são casos isoladíssimos e em sua esmagadora maioria seguem modismos e devem ter uma carreira razoavelmente curta.
A facilidade de acesso talvez tenha matado boa parte do romantismo da busca por materiais, tornando tudo fugaz. Sempre existiram febres e modismos,assim como fãs e colecionadores mais ferrenhos e dedicados, mais fiéis. A diferença hoje é a proporção e a ordem de prioridades, tanto por parte de público quanto dos artistas. Eventos viraram passarela, muita pouca gente interessada em música, uma maioria mais preocupada em ser o mais style, o que tem mais piercings, mais tatuagens, ou o cabelo mais arrojado. O mesmo se reflete nos palcos. Deslumbrados com o poder da mídia de fazer as coisas parecerem maiores do que são,artistas passam a adotar visuais idênticos ao ditado pelos videoclipes ou pré-determinados pela subcultura a qual se quer enquadrar.
O merchandising hoje é metodicamente criado de forma a se adequar a um público consumidor ao estilo fast-food. Não mais se criam camisetas com capas de disco ou uma simples imagem ou logotipo da banda, parece necessário seguir rigorosamente o grito da moda. Camisetas, bonés, patches e buttons ganharam companhia de porta incensos, cadarços, penduricalhos, carteiras, tênis, meias, chaveiros e até espelhos para interruptor de luz! Mais completo do que muita marca de streetwear. E em último lugar vem a música.
A ditadura da moda nunca foi privilégio do mainstream e na verdade apenas reflete a futilidade dos indivíduos. Mesmo em gêneros mais renegados e obscuros sempre houve modismos, mas o fato é que já não mais existe nada que se possa chamar de alternativo. Os que outrora se chamavam indies são o novo mainstream e dominam a grande mídia, lado a lado com Ivetes Sangalos da vida!A música pesada continua em seu nicho habitual, mas os novos grupos não passam de releitura ou mesmo plágio do que já se fez antes, porém embalado numa roupagem moderna e visualmente mais vendável ao público atual. Houveram booms de segmentos como o hip hop e reggae,com dezenas de festas e eventos, com evidente efeito no vestuário mas muito pouca da excelente mensagem destes gêneros foi absorvida pelo público. A não ser é claro, naqueles q vivenciam verdadeiramente a cultura e são reflexos de seus pensamentos e não marionetes de modismos.
A desunião entre artistas também nunca foi novidade e certamente foi o fator mais determinante para que várias carreiras fossem abreviadas. Integrantes de bandas que só prestigiam seus próprios eventos ou comparecem a bares ou na frente de shows para panfletear e divulgar o próprio show. Isso quando não há fofocas e intrigas bobas. Sem contar as casas de show que cobram dos artistas pelo espaço e muitas vezes nem ao menos fornecem uma água para aqueles que potencializaram a venda de ingressos e de MUITA cerveja naquela noite. Lidando com produtores amadores, não só artistas, como casas de espetáculo tem vidas curtas. Pra completar a burocracia desfavorece os estabelecimentos que ousam privilegiar gêneros fora da grande mídia.
No nosso tempo era melhor? Eu diria que era apenas diferente! As prioridades é que mudaram, e o público, que acaba formando bandas, é um reflexo do comodismo e fugacidade de nossos dias.
Léo Dias
sicksore@gmail.com
As gravadoras se desesperam contra o avanço da pirataria e dos downloads de mp3, práticas que substituíram a comum gravação de fitas cassete nas décadas de 70 e 80. Foi iniciada então uma caça as bruxas pelos malignos baixadores de mp3. O interesse faz mais sentido quando se pensa q a maior parte das grandes gravadoras acabou comprada e houve uma centralização de controle e interesses para um número muito menor de donos dos fonogramas e artistas. A porcentagem repassada aos artistas sempre foi mínima e a não ser nos casos de artistas do primeiro escalão com vendagem de milhões, poucos músicos viram dinheiro de verdade com venda de discos. Restando assim a realização de extensas turnês e em muitos casos, venda de merchandising. Ok, história velha, todo mundo sabe.
Mas existe outro fenômeno paralelo ao esfacelamento da vendagem de CDs, este sim muito mais assustador e potencialmente incontornável. A facilidade e comodidade dos tempos modernos tornaram o público mais preguiçoso. Se há 15 anos era necessário encontrar algum amigo ou loja disposta a gravar um LP em fita cassete, às vezes a caça a determinado material demorava meses, especialmente se não fosse algo com lançamento nacional, hoje em dia qualquer obra está ao alcance de um click. Isso tem um lado muito bom, pois muitos artistas ganharam exposição independente da grande mídia e, casos isolados, existem fenômenos da internet que aproveitaram a ferramenta para se divulgar e conseguiram romper a barreira de suas cidades e estados, fazendo shows pelo país todo. Mas como citei, são casos isoladíssimos e em sua esmagadora maioria seguem modismos e devem ter uma carreira razoavelmente curta.
A facilidade de acesso talvez tenha matado boa parte do romantismo da busca por materiais, tornando tudo fugaz. Sempre existiram febres e modismos,assim como fãs e colecionadores mais ferrenhos e dedicados, mais fiéis. A diferença hoje é a proporção e a ordem de prioridades, tanto por parte de público quanto dos artistas. Eventos viraram passarela, muita pouca gente interessada em música, uma maioria mais preocupada em ser o mais style, o que tem mais piercings, mais tatuagens, ou o cabelo mais arrojado. O mesmo se reflete nos palcos. Deslumbrados com o poder da mídia de fazer as coisas parecerem maiores do que são,artistas passam a adotar visuais idênticos ao ditado pelos videoclipes ou pré-determinados pela subcultura a qual se quer enquadrar.
O merchandising hoje é metodicamente criado de forma a se adequar a um público consumidor ao estilo fast-food. Não mais se criam camisetas com capas de disco ou uma simples imagem ou logotipo da banda, parece necessário seguir rigorosamente o grito da moda. Camisetas, bonés, patches e buttons ganharam companhia de porta incensos, cadarços, penduricalhos, carteiras, tênis, meias, chaveiros e até espelhos para interruptor de luz! Mais completo do que muita marca de streetwear. E em último lugar vem a música.
A ditadura da moda nunca foi privilégio do mainstream e na verdade apenas reflete a futilidade dos indivíduos. Mesmo em gêneros mais renegados e obscuros sempre houve modismos, mas o fato é que já não mais existe nada que se possa chamar de alternativo. Os que outrora se chamavam indies são o novo mainstream e dominam a grande mídia, lado a lado com Ivetes Sangalos da vida!A música pesada continua em seu nicho habitual, mas os novos grupos não passam de releitura ou mesmo plágio do que já se fez antes, porém embalado numa roupagem moderna e visualmente mais vendável ao público atual. Houveram booms de segmentos como o hip hop e reggae,com dezenas de festas e eventos, com evidente efeito no vestuário mas muito pouca da excelente mensagem destes gêneros foi absorvida pelo público. A não ser é claro, naqueles q vivenciam verdadeiramente a cultura e são reflexos de seus pensamentos e não marionetes de modismos.
A desunião entre artistas também nunca foi novidade e certamente foi o fator mais determinante para que várias carreiras fossem abreviadas. Integrantes de bandas que só prestigiam seus próprios eventos ou comparecem a bares ou na frente de shows para panfletear e divulgar o próprio show. Isso quando não há fofocas e intrigas bobas. Sem contar as casas de show que cobram dos artistas pelo espaço e muitas vezes nem ao menos fornecem uma água para aqueles que potencializaram a venda de ingressos e de MUITA cerveja naquela noite. Lidando com produtores amadores, não só artistas, como casas de espetáculo tem vidas curtas. Pra completar a burocracia desfavorece os estabelecimentos que ousam privilegiar gêneros fora da grande mídia.
No nosso tempo era melhor? Eu diria que era apenas diferente! As prioridades é que mudaram, e o público, que acaba formando bandas, é um reflexo do comodismo e fugacidade de nossos dias.
Léo Dias
sicksore@gmail.com
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